• #8 Playlist das férias

    2018-08-26 18:44:37

    Atualizei a playlist no topo da página com as músicas que mais ouvi durante as minhas férias. O plano original era atualizar semanalmente, mas como previsto a paciência não durou muito e acabei por me desmazelar - a partir de agora que se dane o semanalmente, atualizo apenas quando calhar e publico comentários no Blog, é um compromisso mais honesto.

    Desde que terminei este website, há alguns meses, nunca mais toquei no Blog. Ao fim de tanto tempo a construí-lo acabei por enjoar de tanto olhar para ele. Tinha uma dúzia de publicações em rascunho, em ficheiros espalhados pelo computador, mas ainda não tive paciência nem motivação para pegar nisso e o site tem estado às moscas. Não é que isso tenha alguma importância para o mundo, este site importa tanto como o picar de um mosquito nos tomates de uma ovelha a pastar na china (yes, absurdist joke intended - uma ovelha não tem tomates) - é importante dizer isto, porque esta panca de ter um website e Blog sempre me soou algo meio egocêntrico, mas não é. Este website apenas tem importância para mim pois sou um procrastinador nato, raramente termino algo e irrita-me a ideia de um dia vir a morrer com muitas ideias cheias de mofo no fundo do cérebro mas nada materializado (ideias e vida inúteis portanto, se a maldição se concretizar). Criar o site foi apenas uma forma de contrariar a procrastinação, na esperança de de tempos a tempos sentir a obrigação de escrever e atualizar aqui algo, para um dia sentir alguma evolução nisso ao ver todos os "posts" alinhados.

    Não queria terminar estas 3 semanas de férias (ou melhor: 3 semanas de liberdade), sem escrever uma nova entrada no Blog. Era o plano original quando as férias começaram - "agora que tens tempo não tens desculpa, escreve a merda de um post, já lá vão 3 meses". Eis o shitty post, espremido no meu último dia de liberdade: atualizei a playlist com uma nova rodada de 7 músicas, yay [sarcastic mode=on]! Mas não são 7 músicas quaisquer, são as músicas que mais ouvi em loop durante estas 3 semanas de férias - ao ponto de começar a ficar enjoado de algumas delas (o que é hábito comum, quando me encanto por uma nova música, até não enjoar e conhecer cada acorde de cor não paro de ouvir dia e noite). Apaixonei-me particularmente pelas primeiras 3. Mais particularmente ainda pela primeira, dos Gojira. Amo esta banda, neste momento é uma das minhas preferidas (friendly note: quem adorar os Tool e os Agalloch como eu, vai encontrar muito consolo nos Gojira, pois considero-os um irmão gémeo perdido à nascença dos Tool e um primo versão mais positiva dos Agalloch, com temas e atmosfera melódica semelhantes - na base da repetição de padrões - menos experimental que os Tool mas tão pesado e Death Metal como os Agalloch). Tal como Tool, Gojira gira em torno de temas existenciais (vida/morte/sentido) mas numa onda mais positiva que os Agalloch, pois para além de evocarem questões tentam ao contrário dos outros lançar também algumas respostas. Têm uma atmosfera a roçar o espiritual/transcendental e exploram por vezes temas sociais (p.e. aquecimento global, guerra, ou até mesmo sofrimento animal - um elemento da banda é vegetariano e talvez por influência dele têm algumas músicas que falam sobre o tema, sendo a minha preferida "Silvera"). Já escrevi um parágrafo e ainda nem falei em termos melódicos... - é incrível a criatividade deles! Usam técnicas semelhantes aos Tool para criar atmosfera (repetição de padrões) e numa mesma melodia podem efetuar muitas variações melódicas/rítmicas; têm uma impressão digital sonora bastante diferente mas partilham o mesmo nível de criatividade. Gosto tanto dos Gojira que me é difícil calar sobre eles, mas já estou a fugir ao tema do tópico por isso skip...

    Como tinha começado a explicar: apaixonei-me principalmente pelas 3 primeiras músicas, talvez porque as redescobri (as outras já conhecia vagamente, apenas não pegava nelas há algum tempo e só me atraíram). Adoro a surpresa de descobrir novas músicas que gosto em álbuns antigos de bandas que amo :3 Há coisas em comum entre essas 3 primeiras: ambas têm letra/lyrics incríveis e originalidade melódica com muitas variações (começam de uma forma, mas mudam o tom radicalmente várias vezes). Em tudo o que ouço, a letra de uma música é sempre um dos elementos que mais valorizo! Mesmo que uma música tenha uma melodia satisfatória, não a consigo suportar se as lyrics forem ocas ao estilo pop (WTF is this: "me and umbrela, umbrela, umbrela, uh ah, umbrela" - shitty lyrics all the time on radio!). Já o contrário às vezes acontece: mesmo que a melodia seja fraca ou de um estilo que não gosto, se a letra/lyrics tiver qualidade e tocar em ponto que mexem com as minhas entranhas então consigo suportar. Dito isto: é claro que não é obrigatório haver lyrics, peças com apenas componente instrumental rock by themselves, mas se as houver têm de ser de boa qualidade.

    A primeira música, dos Gojira, é soberana melodicamente e nas lyrics! É a música que mais ouvi em loop durante estas 3 semanas e ainda não dei sinais de enjoar - mas não falarei mais dela, é uma experiência para descobrir com auscultadores de qualidade e olhos fechados, tudo o que disser sobre esta música não lhe fará justiça. A segunda, dos Avenged Sevenfold, foi uma agradável surpresa: nunca tinha reparado na awesomeness da letra!! Primeiro de tudo: é uma peça cómica, não é literal, a intenção é fazer rir (e chocar) ao mesmo tempo que serve de metáfora para outra coisa ("ridendo castigat mores"). É uma espécie de Ópera/mini-drama, com "plot" parecido a um filme do Tim Burton (p.e. Corpse Bride) que pode ser resumido assim: um homem, com medo que o amor um dia acabasse, matou a mulher, para que ela fosse dele para sempre: comeu o coração e guardou o corpo para violar (cough cough, verso chocante mas com o tal toque cómico a falar dessa parte: "I really always knew that my little crime / Would be cold that's why I got a heater for your thighs" - Am I going to hell for always laughing a ton on this part? xD - a letra está cheia de pérolas assim, com tom cómico/humor negro). A história avança contando que a alma da mulher volta da cova zangada, possui o cadáver violado, mata com uma faca o marido em vingança, comendo-lhe também o coração. No fim, os dois acabam mortos, mas as suas almas encontram-se no além-mundo e os desgraçados como continuavam apaixonados decidem casar-se novamente, mas desta vez o padre lá do céu ou inferno pergunta "aceitam se casar até que a eternidade vos separe" em vez do tradicional "morte vos separe", e a história termina com eles a dizer que sim. Isto é ou não é uma lyric em condições? Para além da complexidade que é contar uma boa história em verso, eles conseguiram introduzir comédia, drama e até filosofia nisto (a história acaba por ser uma metáfora sobre o amor, no fundo é isso mesmo que ele é, duas pessoas a matarem-se e se magoarem uma à outra até à eternidade mas desejando estar juntas mesmo assim). Melodicamente também é uma peça bem conseguida, tem um tom a imitar coisas de Ópera (mas versão Metal), como diálogos entre personagens e coros. Quando me perguntam porque gosto de Metal e Progessivo, este tipo de músicas são a razão para tal, não há desta criatividade no pop e companhias - anda tudo a falar do mesmo há vários séculos e não se calam (mimimi "lobe you souu muchhi dont let me go lalala" [bad writing pun intended], disgusting, learn with Avenged Sevenfold: they kill each other and go live together in hell, better plot twist). A terceira música que mais me apaixonou nestas 3 semanas é dos Guilt Machine (banda com o mesmo compositor e líder dos Ayeon, Arjen Lucassen, mas num estilo diferente, num dos muitos projetos alternativos em que ele se meteu - o gajo é uma máquina criativa). Surpreendentemente a música começa com uma "quote" em brasileiro "Nada é mais triste do que a morte da ilusão", mas o compositor é holandês e o resto da música é em inglês, nada tem a ver com portugal! (ele é muito experimental, ao longo da música ouvem-se também outras línguas em background, a própria frase é de um autor húngaro, não sei porque optou por esse verso em brasileiro, mas adoro a decisão). Há muitos anos (décadas?) que ouço obras do Arjen Lucassen, os Ayreon foram uma das primeiras bandas de Metal pela qual me apaixonei era ainda um adolescente. Só nos últimos anos descobri que este compositor tem imensos side-projects, bandas alternativas que foi formando e projetos a solo. Os Guilt Machine são um deles e, ao lado dos Ayreon, uma das faces do Arjen Lucassen preferidas. Esta banda é uma versão mais pessoal do que ele fazia nos Ayreon (aqui não há um grande álbum conceptual, uma história comum a todas as músicas, ou uma espécie de ópera/epopeia - apenas temas mais humanos e simples). Esta música em particular é a minha preferida da banda (até ao momento pelo menos, ainda não explorei todas). Tem a sonoridade dos Ayreon mas uma letra com pés mais assentes na terra, mas que adoro - se eu atribuísse uma banda sonora a cada mês do ano, acho que agosto ficaria com esta, talvez por isso a voltei a ouvir nesta altura (ps: ora aqui está uma boa ideia para um futuro post - para juntar há já enorme lista de rascunhos de ideias mortos, num beco do pc, que nunca farei - escolher uma banda sonora para cada mês do ano - cada mês tem um timbre diferente e um significado especial, há meses que gosto e sinto-me mais produtivo e outros que não e só quero que passem rápido, por exemplo costumo adorar setembro a dezembro, mas detesto maio a agosto; janeiro é um mês que simboliza recomeço porque nasci, etc.).

    Terminando (já estou cansado de escrever, quero ir ver anime e comer snaks tenho fome, bora despachar isto xD): eis as 7 músicas que mais ouvi em loop nestas férias. Do grupo, as 3 primeiras dos Gojira, Avenged Sevenfold e Guilt Machine são as que ainda não enjoei (mas não falta muito - exceto Gojira, essa acho que ainda durará alguns meses na playlist do meu pc).

    Para ouvir há um humilde palyer que fiz no topo da página. Se a net for lenta e o streaming tiver lag podem descarregar o mp3 original ou abrir uma versão no youtube. Para ouvir playlists antigas o arquivo fica em http://www.paulojorgepm.net/playlist.

    Fica assim terminada a minha missão de pelo menos escrever um post no blog antes que as férias terminem (last day, muahhh). Tinha mais coisas planeadas para o website que não realizei, mas pelo menos fica o shitty post para tirar o pó ao Blog e um punhado de novas fotos na galeria, para sentir que cumpri algo nestas 3 semanas.

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    Tags: music